quinta-feira, 8 de março de 2012

Às marias do Brasil - Dia Internacional da mulher


                Sempre que surge uma data comemorativa, me pergunto: Por que apenas um dia? Por que não lembrar isso todos os dias do ano?  Aí meu lado racional tenta explicar que uma data é um resumo, uma chamada, um compromisso com o objeto da homenagem. Por isso o  Dia Internacional da Mulher. Ocasião propícia para que se formulem ou se intensifiquem políticas públicas que ajudem a diminuir o secular abismo que sempre separou o homem da mulher; que alertem as mulheres para a responsabilidde que devem ter para com elas próprias, para que se enxerguem como seres de importância real para a constução de um novo mundo, onde não devem mais ser permitidos atos de violência. E me refiro à violência com todas as suas faces cruéis: a física, a sexual, a moral, a econômica, a doméstica, a social e tantas outras  que surgem a cada dia.
                 E é às marias brasileiras que dedico um poema de Cora Coralina, aquela que foi  um dos maiores símbolos da luta pela afirmação da mulher, numa época em que as condições eram adversas e perversas. Ainda assim, essa mulher vigorosa, à frente do seu tempo, nos deixou legado que traduz toda a sua sensibilidade, numa visão analítica do real papel que as mulheres devem exercer na sociedade. Das panelas de doce às páginas literárias, uma caminhada palmilhada de sofrimento e de alegria; de realidade e de sonhos; uma vida tecida com a mais fina renda da feminilidade.

Assim eu vejo a vida

A vida tem duas faces:
Positiva e negativa
O passado foi duro
mas deixou o seu legado
Saber viver é a grande sabedoria
Que eu possa dignificar
Minha condição de mulher,
Aceitar suas limitações
E me fazer pedra de segurança
dos valores que vão desmoronando.
Nasci em tempos rudes
Aceitei contradições
lutas e pedras
como lições de vida
e delas me sirvo
Aprendi a viver.


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