sábado, 2 de novembro de 2013


02 DE NOVEMBRO

Dia De Ler Para Uma Criança Depois da Janta





Marcus Pires lê para sua filha Helena o livro “O Planeta das Letrinhas", escrito pela bisavó Elba GGomes e Tatiana Oliveira e ilustrado pela avó Luciene GGomes

        
          Uma data sempre alavanca uma ação, impulsiona um projeto. É muito importante que se esteja sempre lembrando que a criança deve ser o alvo primeiro da leitura.

O Brasil tem, aproximadamente, 18.000 crianças de 0 a 5 anos. É um imenso campo a ser semeado. As sementes estão aí. Muitos livros infantis, muita ilustração, muitos temas. Os semeadores somos cada um de nós. Em casa, na vizinhança, por onde quer que passemos podemos ser agentes de leitura. É só pegar no tranco. É só começar.

Sabemos que a leitura aumenta o vocabulário e a compreensão da criança. Mais ainda: desenvolve a criatividade, coloca-as na época certa, no mundo da fantasia, do imaginário.

Com certeza, a criança exposta aos eventos de leitura, desde cedo, será uma criança mais feliz. E, é claro, num futuro próximo, teremos uma sociedade mais preparada.

É muito simples. É só participar.

Leia para uma criança depois da janta!


quarta-feira, 3 de julho de 2013

A arte da leitura








A arte da leitura

      Leitura e prazer são indissociáveis. São elos de uma cadeia ligados pelo amálgama que cimenta um dos objetivos do ser humano: ser feliz. Assim é a leitura. Ela passa pelo prazer de descobrir algo novo, de sair da realidade e entrar em outra dimensão onde tudo se processa de forma prazerosa.
 
         Reportemo-nos, então, ao escritor francês, Daniel Pennac, [1]cujo livro “Como um romance” foi publicado no Brasil em 1993, portanto, há 20 anos  e que e que ainda contém o frescor de notícias novas.

Para os que se esqueceram do prazer proporcionado pela leitura, o autor diz:

            Eles tinham simplesmente esquecido o que era um livro, aquilo que ele tinha a oferecer. Tinham se esquecido, por exemplo, que um romance conta antes de tudo uma história. Não se sabia que um romance deve ser lido como um romance: saciando primeiro nossa ânsia por narrativas”.



Fala-se muito das inúmeras dificuldades de se incrementar a leitura: a ausência de bibliotecas nas escolas e o preço do livro estão entre as mais citadas. A despeito de todas as variáveis que influenciam o processo de formação de leitores, sabe-se que a literatura infantil tem conseguido espaço considerável junto a escolas e crianças, do maternal aos primeiros anos da escolaridade básica.

Vamos nos debruçar, então, sobre um aspecto positivo da questão, ou seja, sobre o  fato de que cada vez mais as escolas estão empenhadas em desenvolver atividades focadas nos eventos de leitura. Em consequência,  mais histórias são lidas e contadas  e mais crianças são seduzidas pela magia da leitura.

Quando se fala em leitura, ela parece se subdividir em duas atividades: ler e contar. Um dos traços distintivos delas é que,  ao se ler a história, ela é apresentada preservando as palavras escolhidas pelo autor. O leitor deve se manter fiel ao que está escrito.

Por outro lado, na contação da história a trama pode sofrer pequenas modificações, já que o contador tem a liberdade para improvisar e agregar elementos a ela. Ele nunca conta a história da mesma forma.

Parece-nos que o foco não deve ser a característica dicotômica das  duas atividades, mas sim o “acontecer”. Ler ou contar, tanto faz, desde que, mais e mais crianças tomem intimidade com as leituras, com as ilustrações, com os autores, com os ilustradores, enfim, com o mundo mágico dos livros.

O mais importante é que ler ou contar proporcionem um prazer tão duradouro que as crianças, ao se tornarem adultas, nunca se esqueçam do que é um livro.

            Rubem Alves[2] tem sua receita:

[...]
Se eu fosse ensinar a uma criança
a arte da leitura,  não começaria
com as letras e as sílabas.

 Simplesmente leria as histórias mais fascinantes que a fariam entrar
no mundo encantado da fantasia.

Aí, então, com inveja dos meus
poderes mágicos, ela quereria que eu
lhe ensinasse o segredo que
transforma letras e sílabas em histórias.
É assim. É muito simples.”

 ElbaGGomes



[1] PENNAC, Daniel. Como um Romance. Rio de Janeiro: Rocco, 1993.
[2] ALVES, Rubem é um psicanalista, educador, teólogo e escritor brasileiro. É autor de livros e artigos abordando temas religiosos, educacionais e existenciais, além de uma série de livros infantis.

segunda-feira, 17 de junho de 2013

A flor do maracujá








A flor do maracujá


Encontrando-me com um sertanejo,
Perto de um pé de maracujá,
Eu lhe perguntei:
Diga-me caro sertanejo,
Porque razão nasce branca e roxa,
A flor do maracujá

Ah, pois então eu lhi conto,
A estória que ouvi contá,
A razão pro que nasci branca i roxa,
A frô do maracujá.
Maracujá já foi branco,
Eu posso inté lhe ajurá,
Mais branco qui caridadi,
Mais brando do que o luá.

Quando a frô brotava nele,
Lá pros cunfim do sertão,
Maracujá parecia,
Um ninho de argodão.
Mais um dia, há muito tempo,
Num meis que inté num mi alembro,
Si foi maio, si foi junho,
Si foi janeiro ou dezembro.

Nosso sinhô Jesus Cristo,
Foi condenado a morrê,
Numa cruis crucificado,
Longe daqui como o quê,
Pregaro cristo a martelo,
E ao vê tamanha crueza,
A natureza inteirinha,
Pois-se a chorá di tristeza.

Chorava us campu,
As foia, as ribeira,
Sabiá tamém chorava,
Nos gaio a laranjera,
E havia junto da cruis,
Um pé de maracujá,
Carregadinho de frô,
Aos pé de nosso sinhô.

I o sangue de Jesus Cristo,
Sangui pisado de dô,
Nus pé du maracujá,
Tingia todas as frô,
Eis aqui seu moço,
A estória que eu vi contá,
A razão proque nasce branca i roxa,
A frô do maracujá

 

Dia Nacional do Livro Infantil

sexta-feira, 17 de maio de 2013

Dia Nacional do Livro Infantil – 18 de abril




Tem, sim. No Brasil tem um dia dedicado ao livro infantil.

Procuro entender por que apenas um dia para se comemorar o livro infantil e começo a me dar conta de que nessa data planta-se mais uma semente, emite-se mais um alerta para que o livro infantil faça parte da vida das crianças, a tal ponto que ele se transforme num objeto de desejo. Por quê? Porque cheguei à conclusão de que uma data tem uma força incrível. Ela se esgueira da poeira do cotidiano e reina soberana, ainda que por um dia.

Especificamente em relação ao Dia Nacional do Livro Infantil, percebo que tudo assume uma dimensão maior: nesse dia, organizam-se eventos literários e o livro, altaneiro, todo ancho, reina com tamanha glória que deixará sua imagem majestática povoando cabecinhas por mais um ano.

Apesar das dificuldades com a disseminação da leitura, apesar dos atrativos das novas tecnologias, o livro é e sempre será um instrumento poderosíssimo para a construção do letramento literário, da cidadania, da inclusão social. E o nosso país avança na oportunização da leitura, sobretudo no ensino fundamental 1, quando as crianças familiarizam-se cada vez mais com o livro infantil. 

Além do aspecto formal da finalidade da leitura, um outro surge como fator preponderante: a fantasia. Quem nunca captou nos olhos ansiosos das crianças o brilho da curiosidade pela aventura; o deslumbramento pela descoberta; a surpresa pelo encontro com os personagens que desfilam nas tramas das histórias; o encantamento com a riqueza das ilustrações; as lembrança com as viagens extraordinárias ao país do faz de conta?

A leitura literária é o alimento primeiro da imaginação, da fantasia, degraus que levam à reconstrução dos saberes e ao conhecimento de mundo.

Mas como fazer com que nossas crianças leiam? Só há uma fórmula: lendo! Nós, pais, professores, mediadores de leitura, todos num esforço conjunto conseguiremos dar às nossas crianças as oportunidades de se tornarem leitores que leem porque gostam, porque foram seduzidos pela leitura.

Para esse dia, cito o escritor Daniel Pennac que, ao criar os direitos do leitor, pretendeu resgatar o prazer pela leitura, não aquela leitura obrigatória porque a leitura não suporta o imperativo.

Direitos do leitor

1. O direito de não ler.
2. O direito de pular páginas.
3. O direito de não terminar um livro.
4. O direito de reler.
5. O direito de ler qualquer coisa.
6. O direito ao bovarismo (doença textualmente transmissível).
7. O direito de ler em qualquer lugar.
8. O direito de ler uma frase aqui e outra ali.
9. O direito de ler em voz alta.
10. O direito de se calar.

Então, fica aí o nosso convite: vamos, cada vez mais, entrar com as crianças no mundo encantado da fantasia!

Elba Gomes
 
(Publicado em http://casadeautores.blogspot.com.br )