terça-feira, 27 de janeiro de 2015

30 de janeiro: Dia Nacional dos Quadrinhos

Por Elba Gomes



Dedicar um dia aos quadrinhos pode ser uma forma de reconhecer a importância deles na formação de gerações de brasileiros e de pessoas em várias partes do mundo


TicoTico                 As histórias em quadrinhos no Brasil começaram a ser publicadas no século XIX. Em 1837, circulou o primeiro desenho em formato de charge, de autoria de Manuel de Araújo Porto-Alegre, que foi produzida através do processo de litografia e vendida em papel avulso. O autor criaria mais tarde, em 1844, uma revista de humor político.
          No final da década de 1860, Angelo Agostini continuou a tradição de introduzir nas publicações jornalísticas e populares brasileiras, desenhos com temas de  sátira  política e social. Entre suas personagens populares, desenhadas como protagonistas de histórias em quadrinhos propriamente ditas, estavam o “Nhô Quim” (1869) e “Zé Caipora” (1883). Agostini publicou nas revistas Vida Fluminense, O Malho e Don Quixote.
                Lançada em 11 de outubro de 1905, a revista O Tico-Tico é considerada a primeira revista em quadrinhos do país, concebida pelo desenhista Renato de Castro, tendo o projeto sido apresentado a Luiz Bartolomeu de Souza, proprietário da revista O Malho (onde Angelo Agostini trabalhou, após o encerramento de Don Quixote; após aprovada, a revista teve a participação de Angelo Agostini, que criou o logotipo e ilustrou algumas histórias da revista. O formato de O Tico Tico foi inspirado na revista infantil francesa La Semaine de Suzette; a personagem Suzette foi publicada na revista brasileira com o nome de Felismina; Bécassine, outra personagem da revista, foi chamada de Chiquita. Havia também  o trio: Reco-Reco, Bolão e Azeitona, criação de Luiz Sá. Depois surgiram outros heróis nacionais e estrangeiros que alimentaram os sonhos de aventuras de muita gente.
              Tico-Tico é considerada a primeira revista em quadrinhos no Brasil, e teve a colaboração de artistas de renome como J. Carlos (responsável pelas mudanças gráficas da revista em 1922), Max Yantok e Alfredo Storni.
Dada à profusão de autores e revistas em quadrinhos no Brasil, optamos por escolher apenas duas  que fazem a festa da criançada: A turma da Mônica e todas as história em quadrinhos com seus personagens,  de Maurício de Sousa e O menino Maluquinho, de Ziraldo.
                monica-67Turma da Mônica, uma série de histórias em quadrinhos criada por Mauricio de Sousa no ano de 1963. Sua origem foi uma série de tirinhas de jornal da qual os personagens principais eram Bidu e Franjinha, porém na época ainda não era a Turma da Mônica. Somente a partir do final dos anos 60 para o começo dos anos 70 é que a série começou a ganhar identidade com o lançamento de comerciais e revistas das quais Mônica e Cebolinha passaram a ser os protagonistas.
                 Embora a maior parte das histórias girem em torno das aventuras de Mônica, Cebolinha e seus amigos do bairro do Limoeiro, o título se refere também aos demais personagens criados por Mauricio de Sousa, que são derivados de outras séries como o Chico Bento, a Tina, a Turma da Mata, o Penadinho, entre vários outros.
                  O Menino Maluquinho é indubitavelmente, o personagem mais emblemático do cartunista e escritor Ziraldo Alves Pinto, conhecido como Ziraldo. Em 1980, o cartunista lançou o livro  O Menino Maluquinho, história de um menino que vive intensamente cada momento de sua infância, fazendo todas as traquinagens peculiares de toda criança. Posteriormente, o livro foi adaptado para os quadrinhos.
                O Menino Maluquinho  surgiu e ficou como uma das figuras mais importantes para a literatura brasileira, representando, de maneira genial, a criança brasileira em uma obra literária.
As histórias em quadrinhos têm contribuído enormemente para a formação de leitores, principalmente nas séries do ensino fundamental. Elas evitam a linearidade da leitura e favorecem a elaboração do processo em que o leitor é obrigado a conjugar diversas linguagens para construir novos significados.
                    A ação narrativa das histórias em quadrinhos seduz a criança e transporta-a para situações cotidianas de forma lúdica e prazerosa. A histórias contadas sob a forma de quadrinhos constituem-se excelentes ferramentas de incentivo á leitura e podem ser aproveitadas em todas as disciplinas, especialmente em Língua Portuguesa e em Arte.
                  downloadA leitura dessas histórias possibilita, ainda, a exploração de habilidades de leitura importantíssimas para compreensão do mundo imagético em que vivemos. É nelas que podem ser explorados, por exemplo, recursos expressivos da língua, efeito de sentido da pontuação e das notações, efeitos de sentido de humor e de ironia, a análise da linguagem gestual de seus personagens, a inferência de sentido da própria narrativa.
                 As histórias em quadrinhos merecem, pois, o mesmo lugar de destaque nas prateleiras das estantes de livros da escola e, mais ainda, merecem ser apresentada aos leitores como um presente valioso, capaz de levá-los ao país do imaginário e do concreto.
Imagens: divulgação

sexta-feira, 23 de janeiro de 2015

Irmãos mais que irmãos









Se buscarmos no dicionário o significado de “irmão”, vamos encontrar, dentre outras, a seguinte definição: “aquele que, em relação a outrem, é filho do mesmo pai e/ou da mesma mãe.”

Em outra definição, na Internet, temos: Irmão ou irmã (do latím germanum) aquele que é filho do mesmo pai e da mesma mãe, ou só filho do mesmo pai ou só filho da mesma mãe, biológica ou adotiva. Pode-se chamar de irmão também aquele com quem se tem laço forte de amizade, tendo o mesmo significado de amigo.

No entanto, sabe-se que existem várias amizades que se formam por afinidades outras que não a biológica: irmãos de fé, irmãos de escola, irmãos de profissão e tantas denominações para pessoas que se ligam por afeto ou por serem espíritos afins.

Muitas vezes observamos irmãos consanguíneos que nada mais são que inimigos, desde a mais tenra idade. Não se afinizam em nada, não se suportam e desenvolvem, um em relação ao outro, sentimentos destruidores de ciúmes, raiva, despeito e inimizade. São relações que melhoram ou pioram no decorrer de uma existência.

Mas, há irmãos que são unidos por sentimentos de amizade, de amor, de fraternidade, de carinho, de cuidado, de proteção, enfim, se completam de tal forma que parecem almas gêmeas.

Tenho uma sobrinha (filha de meu irmão Tonho e de Olímpia Pacheco) que mora em Roma, casada com um romano  e que tem um casal de filhos; Matteo, de 7 anos e Chloe, de 5 anos. Em 2013, passei duas semanas com eles.

A princípio, fiquei encantada com as crianças porque tinha que me comunicar com elas em italiano, vez que não tinham domínio completo da língua portuguesa. E era uma oportunidade de treinar meu italiano.  Passado o primeiro impacto, comecei a observar cada um de per si.

O menino, uma figurinha centrada, de uma doçura traduzida nos menores gestos, observadora, olhos curiosos para observar o mundo, atento a tudo que se passava a sua volta e sempre com uma observação sobre que fazíamos, o que falávamos, o que vestíamos, como nos comportávamos.

Ano passado recebi a notícia de que Matteo passara de ano na escola.. E ele, todo sorridente e orgulhoso exibia seu Diplominha.

A menina, vaidosa, de uma vivacidade ímpar, daquelas crianças que abarcam a vida com o olhar, que sabe-se envolvente e que se ajusta muitíssimo bem no papel de princesinha da família.. A Chloe era o reloginho da casa. Ela já acordava ranhetando, por vezes chorando, e o pai sempre conversando com ela, para acalmá-la. Vez por outra, ela perguntava:

- Papà, io sono bella? (Papai, eu sou bonita?

- Sì, Chloe, tu sei tropo bella! (Sim, Chloe, você é muito bonita!)

E ela, sorridente, começava a  se aprontar para ir à escola.

Contudo, o que mais me encantou foi o relacionamento dos dois. O Matteo tem pela irmã um carinho enorme, gigante. Ele tem sempre aquele ar protetor e quando a abraça, parece dizer-lhe que estará sempre junto dela e que não há o que temer. Isso acontece todos os dias, a toda hora. Chloe, por sua vez, recebe tudo com uma naturalidade incrível e, às vezes, até abusa desse seu anjo protetor.

Certa vez, estavam os dois jogando no tablete e, numa das jogadas (era a vez do Matteo), a Chloe queria continuar jogando. E eu disse-lhe que a vez era do irmão e não a dela.  Daí o Matteo consertou a situação:

“ Aspetta. Prima la principessa; dopo, il principe.” (Espere. Primeiro a princesa; depois, o príncipe.)

            Passei um bom tempo refletindo sobre o que ouvira de um menino de 6 anos.

E era sempre assim. Tudo de uma forma natural e simples.

Na hora de contar histórias (O Matteo corrigia meus erros de italiano), ele sempre me pedia para trocar o nome da personagem principal pelo nome da irmã; e aí, ele, invariavelmente, a colocava em situação de perigo para que pudesse salvá-la.

Como toda criança normal, Matteo , uma ou outra vez, perdia a calma com a Chloe. Certa feita, ele irritou-se, pegou a mão dela e bateu-a com força sobre a mesa. Foi um chororô de todo tamanho. Advertido severamente pela mãe, Matteo caiu num choro sentido por ter tratado mal a irmã.

Eles tinham álbuns de figurinhas e nós (eu e minha sobrinha Liana) sempre trazíamos pacotes de figurinhas para os dois. Quando entregávamos os pacotinhos dele, logo vinha a pergunta:

“E per Chloe? Dov’è i pacchi dela mia sorella?” (E para a Chloe? Onde estão os pacotes da minha irmã?)

Em verdade, são duas crianças amorosas, disciplinadas e felizes. Isso se deve ao relacionamento harmônico e amoroso  de uma família, cujos pais se relacionam com os filhos com muito amor, carinho, respeito  e  exercício de  limites.

Uma noite, ao jantar, Chloe estava impossível: descia da cadeira, rodava pela sala; o pai chamava-a para jantar e ela só obedecia quando ele falava: “Chloe, uno, duo... antes do “tre” ela pulava lépida e fagueira para a cadeira e jantava quietinha. Mas, então, o Matteo que estava muito cansado (tinha tido escola em tempo integral  mais aula de natação) começou a fazer birra por nem sei o quê. O pai, já estressado, falou-lhe rispidamente. O menino virou-se para o pai, chorando e disse-lhe bem alto: “ Pazienza!”  Ficamos todos em silêncio. O pai, olhos cheios d’água, abraça o filho e pede perdão. Amor puro!

Aproveitando nossa estada, colocamo-nos (eu e Liana)  à disposição do casal para ficarmos com as crianças, enquanto eles iam assistir a um show da Marisa Monte que se apresentava em Roma. Na véspera, havíamos comprado dois livros para ler com eles. Tudo esquematizado: horário de jantar, de brincar e, em seguida, de dormir. O casal saiu, feliz da vida, e nós, após o jantar, brincamos com eles, contamos histórias e, às 21h, dissemos: “Agora, hora de dormir”.

Os dois arrumaram tudo, correram para o quarto, tiraram as roupas, colocaram os pijamas  e foram ao banheiro escovar os dentes. Ele coloca pasta na escova da irmã, os dois fazem a escovação e, logo após, ele vai inspecionar os dentes da Chloe para verificar se não tem “lodinho”.

Ato contínuo, foram cada um para sua caminha, puxaram os edredons, apagaram as luzes  e... silêncio total.

Eu nunca tinha visto nada igual.

E aquele pequeno tempo de convivência com essas crianças levaram-me a uma reflexão mais profunda sobre irmandade, solidariedade, carinho, companheirismo e amor.

Irmãos, mais que irmãos!

 

 

domingo, 11 de janeiro de 2015

Ano Novo 2015








Depois da magia do Natal, o novo ano surge de mansinho, trazendo a esperança de todas as coisas positivas que constituem as aspirações dos homens: a saúde, a paz, o amor, a felicidade, ingredientes que resumem  parte das aspirações terrenas. E aí vêm as indagações: Estaremos melhores? O mundo estará melhor? Conseguiremos realizar nossos desejos? Assim é que me valho do poeta Carlos Drummond de Andrade para expressar meus votos de que o ano que agora se anuncia nos abrace e nos contemple com uma onda benfazeja de coisas alvissareiras.
Feliz 2015!

DESEJOS
Desejo a vocês...
Fruto do mato
Cheiro de jardim
Namoro no portão
Domingo sem chuva
Segunda sem mau humor
Sábado com seu amor
Filme do Carlitos
Chope com amigos
Crônica de Rubem Braga
Viver sem inimigos
Filme antigo na TV
Ter uma pessoa especial
E que ela goste de você
Música de Tom com letra de Chico
Frango caipira em pensão do interior
Ouvir uma palavra amável
Ter uma surpresa agradável
Ver a Banda passar
Noite de lua cheia
Rever uma velha amizade
Ter fé em Deus
Não ter que ouvir a palavra NÃO
Nem NUNCA, nem JAMAIS e ADEUS.
Rir como criança
Ouvir canto de passarinho.
Sarar de resfriado
Escrever um poema de Amor
Que nunca será rasgado
Formar um par ideal
Tomar banho de cachoeira
Pegar um bronzeado legal
Aprender uma nova canção
Esperar alguém na estação
Queijo com goiabada
Pôr-do-Sol na roça
Uma festa
Um violão
Uma seresta
Recordar um amor antigo
Ter um ombro sempre amigo
Bater palmas de alegria
Uma tarde amena
Calçar um velho chinelo
Sentar numa velha poltrona
Tocar violão para alguém
Ouvir a chuva no telhado
Vinho branco
Bolero de Ravel
E muito carinho meu.

Ao mesmo tempo em que aspiramos à melhoria das coisas terrenas, é imprescindível fazermos uma reflexão sobre o nosso propósito aqui na Terra, sobre a nossa dimensão divina. Se a natureza festeja a chegada de cada dia, com certeza festejará a chegada desse novo ano. Festejemos, pois, a oportunidade de mais um ano para que possamos nos melhorar intimamente.
E termino com a imagem da minha neta Maria Carolina reverenciando o universo, numa integração perfeita de corpo e alma.