sexta-feira, 13 de abril de 2012

segunda-feira, 2 de abril de 2012

Aos 93 anos, Tatiana Belinky responde a perguntas surpreendentes

Zanone Fraissat/Folhapress


GABRIELLA MANCINI
DE SÃO PAULO

            A escritora Tatiana Belinky, uma das maiores autoras de literatura infantil no Brasil, completou 93 anos no dia 18 de março. Com a idade avançada, ela diz que não pode mais "furar onda ou andar de bicicleta", mas continua fazendo algo que adora: encontrar as crianças.
           De tempos em tempos, recebe meninos e meninas em sua casa, no bairro Pacaembu (zona oeste de São Paulo, SP), para bate-papo. A "Folhinha" acompanhou o encontro da escritora com 25 alunos (a maioria com seis anos de idade) do colégio São Francisco Xavier, de São Paulo, neste mês. As crianças tiraram foto, pediram autógrafo, ganharam beijinhos e entregaram um limerique (poeminha divertido em cinco versos) que fizeram especialmente para Tati.

Confira abaixo trechos da deliciosa conversa.

Tatiana Belinky comemora 93 anos e chora pela primeira vez em público

PROFESSORA - Podemos chamá-la de você?

Tatiana Belinky - Claro. A única majestade que conheço é a Dona Palavra. Essa eu respeito e, quase sempre, obedeço.

ALUNOS - Quantas bruxas tem aqui na sua casa?

Ah, já perguntei, mas elas me enganam, mentem. Cada dia dizem uma coisa.

Por que você gosta tanto de bruxa?

Queria ser bruxa quando pequena. Mas depois conheci a Emília e achei que ela era melhor do que bruxa.

Quantos bichos você tem?

São dois cachorros, Max e Tuca, e sete gatos. E cada um com um jeito diferente.

Você tem filhos?

Tenho. E netos, bisnetos. Sou velhinha, viu [risos]? Velhinha, velhinha!

Tem computador?

O computador chegou tarde para mim. Usava máquina de escrever. Hoje escrevo à mão. Uso as duas: a direita escreve e a esquerda conversa com vocês [risos]. Tem canhoto aí? [Um menino diz: "Acho que tenho um canhoto", provocando risos. "O que é canhoto?" Tatiana, sorridente: "Quem escreve com a mão esquerda."]

De qual brinquedo você mais gostava na infância?


Livros. São mágicos, não acabam nunca. Você lê um livro hoje, daqui a três anos lê o mesmo e parece outro, porque você cresceu. Comecei a ler aos quatro anos. Aliás, qualquer criança é capaz disso, se quiser --e se não atrapalharem.

Qual o nome da sua mãe?


Rosa. Ela era muito bonita, mas muito brava também, cheia de espinhos.

Tem namorado?

Todo mundo é meu namorado [risos]. Tive um namorado por 50 anos [diz Tatiana, que é víuva, mostrando a aliança no dedo].

Você se parece com a minha avó porque ela tem cabelos brancos.


Gosto que eles sejam assim, brancos. Não dá para fingir que eu sou loira [risos].